bolas de chiclete

hoje foi engraçado. os meninos chegaram ontem com sacolinha de festa de aniversário repleta de balas e afins. confisquei tudo...e hoje, quando estava sozinha em casa, peguei um chiclete, liguei a TV e quando vi... estava eu fazendo bolas de chiclete. que delícia. queria fazer uma mais bonita que a outra, uma maior, outra pequenininha... uma atrás da outra...o controle na ponta da língua, no fôlego... mas o mais gostoso mesmo é ter me dado conta que a criança ainda brinca aqui dentro de mim e vez ou outra rouba chicletes, sai correndo e vai fazer bolas de chiclete no meio da tarde... quer saber? volte sempre, menininha.. serás sempre bem-vinda!

menina borboleta

ela chegou tímida. 

olhos pra baixo, choro constante. 

não olhava pra mim, mas seu silêncio gritava que eu a ajudasse. 

não chegou sozinha, mas era solitária.

peguei-a pelas mãos.

 propus uma nova rota. caminhamos juntas. 

ela me aceitou.

pouco a pouco a cabeça foi levantando e pude ver o quanto era bonita. 

seus olhos sempre úmidos me diziam constantemente: não desista, não desista. 

 chegou na hora certa e eu fui a escolhida para acolhê-la: um presente para ambas. 

toda semana um encontro. 

cada dia uma descoberta. 

os choros continuavam, mas ela já não estava parada. 

Estava caminhando no seu reconhecimento.

tomou a jovem vida pelas mãos e tratou de agarrar suas rédeas. 

eu do lado... ela sempre à frente. 

pouco a pouco, um corpo delineando-se. 

jogando fora o que não servia mais. 

deixando os pesos todos pra trás: o peso do corpo e o peso da mente.  

cada semana uma conquista, ainda que aparentemente pequena.

toda mudança é imensa quando se trata de VIDA. 

e onde havia choro, sorrisos brotavam feito caracóis depois da chuva. 

uma menina desabrochava em minha frente. 

e quanta vida ! 

mudamos a mente, mudamos o corpo, até a forma de falar mudou.

a vergonha de se mostrar deu lugar à vontade de viver.

auto-estima retomada, era hora de ficar bonita! 

uma ajeitada no cabelo, um olhar mais definido, uma boca mais brilhante. 

beleza que reverte em saúde que reverte em beleza.

um caminhar mais firme, uma roupa mais justa. 

roda de amigos, conversas longas. 

salto alto, salto baixo, saia curta. 

viagem pra longe, pasmem: so-zi-nha. 

e a menina viu uma mulher querendo sair de dentro dela. 

responsabilidade. disciplina. jogo de cintura. 

e a menina que quase não falava se jogou no mundo. 

e o mundo sorriu pra ela, porque a viu sorrir.

 a menina que caminhava cabisbaixa olhou pra cima e viu um céu imenso. 

e descobriu que tinha asas e que queria voar também. 

a menina olhou pra dentro e viu uma força enorme que desconhecia. 

agora ela quer ir pra longe. e vai. e tem que ir. 

pode ficar longe de todos. 

mas nunca mais vai ficar longe de si própria. 

nunca mais vai precisar se esconder. 

porque ela se descobriu... e se gosta. 

porque ela é linda e merece. 

porque todo mundo vale a vida colorida!

obrigada, linda menina. 

por ter deixado eu ter feito parte dessa linda transformação. 

siga confiante. 

escreve a sua história e volte sempre atrás quando for necessário. 

aceite ajuda mas não aceite convenções.

 sua história mostra que na vida não há gabarito!

ajude sempre, mas não viva uma vida que não a sua. 

segue seu caminho. brilha a sua estrela!
estarei na platéia te olhado com meus olhos úmidos:
não desista, não desista...

último retorno à direita

o retorno é o caminho mais difícil. 

Perceber e aceitar que o caminho que estamos percorrendo não vai nos levar para o lugar que projetamos. e depois, parar e voltar. 

o fácil é ir indo... aceitando o que vem e se envaidecendo com convites, propostas, correria que pressupõe um sucesso que não se confirma ...a vaidade é mesmo tola!
vivemos numa sociedade que cobra que você seja coerente com o que disse ontem, com as escolhas que fez há 10 anos;  mas se estou em construção, se mudo e posso me re-desenhar, por que não me re-dizer e voltar atrás? 

mas é necessário dizer: o retorno não é simplesmente voltar pra onde você já estava. primeiro é se dar conta que está indo pro caminho errado, depois mudar a rota. talvez seja preciso dar algumas voltas em círculo, feito barata tonta. mas isso não é ruim, é, antes, necessário;  assim amadurecemos o que queremos e tomamos um caminho mais coerente com a vida que queremos. e preciso dizer: descobri que esse caminho também não tem uma rota definida, ele vai sendo desenhado conforme a gente vai experimentando a vida e escrevendo nossa história.
comecei meu caminho de volta em 2007, mudei muitas coisas  e sei que foi uma das melhores coisas que fiz por mim. virei minha vida do avesso pra descobrir que o lado certo não é estático, é o que melhor me cabe agora... 

hoje ando mais devagar "porque já tive pressa"... e me permito mimos diariamente. a-doooo-ro! 

porque agora quero e busco sentir cada bocado de vida.

bom dia! 

domingo em casa

Domingo. 7 horas da manhã. O corpo pede a sair da cama. Levanto na ponta dos pés pra não acordar os gatinhos. Desço. Passo um café sem pressa. Abro as cortinas e a janela para o cheiro se espalhar. Fico em silêncio para ouvir os pássaros que todos os dias vêm nos visitar no quintal. Bom dia ao meu novo vizinho, um casal de João de Barro que construiu bem em frente à cozinha, respeitando o recuo. O jasmineiro em flor exala um cheiro de bom dia. Xícaras brancas colocadas delicadamente sobre o pires. Um gole demorado de café. Ajeito as almofadas que denunciam a farra de ontem na sala. Pedaços de bolo sobre a pia e forminhas pra lavar. Corto as frutas, preparo o leitinho dos gatinhos que ainda dormem. Cheiro de pãozinho com manteiga na chapa. Saio pro quintal e colho uma flor de laranjeira. Trago à cozinha e enfeito a mesa com ela.

Tudo igual ao de sempre, mas de repente tudo tão especial!
É domingo! Dia sem pressa, demorado. Dia de família, dia de agradecer. Dia de viver o simples e o descanso. Dia de viver o que se tem e perceber que isso basta.
Hoje minha oração foi vivenciada.
Eu tenho tudo, pois meus olhos são limpos. Vejo o que Deus me deu e meu coração se alegra. Felicidade são gotas. Minha dose de hoje é capaz de alimentar muitos próximos dias.
Amém.






"Mas, quando falo dessas pequenas 
felicidades certas, que estão diante de 
cada janela, uns dizem que essas coisas 
não existem, outros que só existem 
diante das minhas janelas, e outros, 
finalmente, que é preciso aprender a 
olhar, para poder vê-las assim". Cecília Meireles

tem família na cozinha...

Sábado em casa com as crianças... Hummm, petit gateau de chocolate... é goleada !
A -DOOOO-RO !

Petit Gateau (panelinha.com.br)
12 porções . 30min de preparo. 
você vai precisar de : 12 forminhas. forno à gás (não elétrico). 

INGREDIENTES
1 1/3 xícara de manteiga
300g de chocolate meio amargo
2/3 de xícara de farinha de trigo
5 gemas (congele as claras)
5 ovos inteiros
1 xícara de açúcar

12 bolas de sorvete de creme para acompanhar; folhas de hortelã para enfeitar.

MODO DE PREPARO
numa tábua pique grosso o chocolate. transfira para um refratário redondo, misture com a manteiga e leve ao microondas por 2 minutos para derreter (para no 1 minuto para mexer e depois volte ao microondas para terminar o derretimento). Separe.
Numa outra vasilha (inox) misture com um fouet (batedor de arame) os ovos, gemas e açúcar. Acrescente aos poucos o chocolate derretido com a manteiga (se você colocar de uma vez vai acabar fazendo uma omelete!).
Passe a farinha de trigo numa peneira e acrescente à mistura. Deixe repousar por 15 minutos.
Preaqueça o forno a 180º
Enquanto a massa repousa, unte 12 forminhas de cupcake com manteiga e farinha.
Preencha as forminhas com a massa, coloque-as sobre uma assadeira e leve para assar por cerca de 6 minuto. Fique de olho, assim que assar por cima, está pronto, pois o meio deve ficar líquido. Se passar disso, vira cupcake...

Num pratinho desenforme o bolinho, coloque uma bola de sorvete de creme, decore com a hortelã. Chame as crianças e a turma toda. Sirva imediatamente.

Retrato - Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
Cecília Meireles

quando é que deixamos o belo pra trás? Cecília não fala só que deixou de ser bonita, mas deixou de ser doce. 
Quando foi isso? ela se pergunta. a velhice doerá tanto mais quanto menos se nutrir uma beleza além do que se vê... 

eu sei como a gente consegue

acabo de assistir ao filme "não sei como ela consegue", com SJParker. uma mulher que assume inúmeros papéis, de mãe, mulher, executiva, etc, etc, etc... uma loucura. No final, uma afirmação que me fez escrever " querer ser um homem é desperdiçar uma mulher". A gente consegue tanta coisa justamente porque somos mulheres e desdobráveis, como diz minha querida Adélia. A gente consegue porque há tanto amor no feminino que é capaz de encher mil balões coloridos. Mas cuidado: a gente também precisa reconhecer a hora de se afastar ou parar, porque somos desdobráveis mas não somos 1 milhão, e aproveitar a vida também faz parte da nossa infindável e prazerosa missão...

a rosa e suas metáforas

numa tarde de domingo, no meio de uma conversa, meus olhos fitaram lá longe no jardim, uma flor que chamava atenção pela cor vermelho coral. mesmo em meio a outras, ela se destacava pela perfeição, pela beleza singular, vista mesmo de longe. chegando perto, a desejei como nunca. E, juro, era ela, a mais vaidosa das flores, que me pedia pra sair dali do jardim e ir enfeitar minha casa. não costumo tirar flores de seu genuíno habitat, mas desta vez foi incontrolável. pedi à dona da casa, e ganhei de presente a rosa mais bonita que já tive. terna e farta, com pétalas grandes e caule delicado. encantadora. tocando-a, reparei pequenos e numerosos espinhos, que furavam feito abelha. comentei e ouvi isso: "sim, é muito bonita, por isso tem tantos espinhos". parei um instante para olhar e realmente era muito bonita e tinha muitos espinhos... mas o que eram aqueles espinhos então? e aquele comentário filosófico? uma coisa é ligada à outra, então...? é assim que funciona? segundo a biologia, os espinhos proteção contra insetos que podem danificar as pétalas. Mas eu não queria danificá-la, ela sabia disso...

naquela tarde, preferi o comentário da dona da casa, que afirmava que os espinhos seriam uma condição para quem quisesse alcançar sua beleza. e eu, que a-do-ro filosofar, entendi que para alcançar a plenitude por vezes é necessário mesmo passar por alguns espinhos. furei um pouco os dedos mas contemplei de perto aquela beleza estonteante que me fez seguir bem melhor.
aquela rosa não mudou só meu domingo, ela contribuiu para minha eterna construção e agora já faz parte do meu jardim da vida.

enganos

... e Deus me livre dos meus cegos enganos, que não me deixam ver com os olhos do coração...

http://ilusoesdoamanha.zip.net/

Ele são muitos...

era um casal desses de gerar comentários. Par perfeito, os vizinhos falavam. Dois filhos, sete anos de casamento. Nada de brigas. Ele provia a casa e ela cuidava da casa e das crianças. Ele a adorava. Ela resolveu trabalhar depois dos filhos crescerem, como  faxineira. Ele concordou. Trabalho pesado, ele não teria ciúmes. Ela trabalhava fora mas chegava em casa e punha tudo em ordem: roupa cuidada, comida quente na mesa. Ele elogiava. Ela acordava mais cedo pra dar conta de tudo. Ela não se cuidava, cuidava antes de todos. Ele gostava do jeito dela, e os vizinhos comentavam: que exemplo de casal. Iam à igreja, não deviam na praça.Ela andava de cabeça baixa, sempre satisfeita e cansada. Presente de natal e de casamento, nenhuma data esquecida.  Tudo ia muito bem, além do normal. Até que ela foi promovida no emprego. E ele suspeitou que ela tinha outro, porque certamente desconfiava que ela não era capaz. Ele não a amava, a dominava. E no primeiro sintoma de perda do controle, quis matá-la. Numa tarde, a seguiu. Atirou três vezes, pra matar. Saiu como quem vai comprar cerveja, deixando-a com o corpo estendido no chão. Não bastava. Foi à procura do patrão e atirou à queima roupa.
Quem é ele? mais um homem que achou ter domínio sobre a vida da mulher. Não a amava, a possuía. Quem é ele? Mais um homem que não admite a liberdade e a independência da mulher. Mais um que não admite (!) ser contrariado. Ele não a amava, a aprisionava. Quem é ele? Mais um homem que numa tarde incorporou o pressuposto de que quem manda é o homem e de que traição e "desobediência" (!) feminina se resolve com tiro.

Se ela o traiu? o que importa? se sim, se não, qual a diferença? que tipo de argumento dá a alguém a condição para pôr fim a uma vida que não a sua?

Quem era ele? Quem era ele? perguntaram os vizinhos.
Ele são muitos, e pode estar em qualquer parte. Não é facilmente reconhecível a olho nu.

E nós, mulheres, historicamente subjugadas, ainda temos que provar que não somos menos porque somos ternas. Sou delicada, mas não sou frágil. Sou mulher e tenho dois meninos. E o compromisso urgente de educar para um mundo mais igual entre gêneros e com mais amor baseado no respeito e admiração.

eu borboleta ...

última de uma fila de 15, eu poderia ter escolhido ver e viver o óbvio:

eu poderia ter passado a minha vida aguardando a ajuda de alguém; eu poderia passar o tempo todo reclamando;  eu poderia ter  ficado congelada no esquecimento; eu poderia ter escolhido a tristeza; eu poderia ter me tornado uma solitária; eu poderia ter escolhido o feio; eu poderia ter optado por fazer sempre o mais fácil; eu poderia me fechar e ser eternamente aborrecida; eu poderia não querer ser mãe; eu poderia ser eternamente insatisfeita; eu poderia ter síndrome de peter pan ou de cinderela; eu poderia viver do passado; eu poderia me prender no medo da criança;  eu poderia ser cruel; eu poderia ser ingrata;  eu poderia ... 

Mas eu não quis...

Eu optei por mergulhar nas possibilidades. 

Eu optei por juntar e não separar.

Eu optei por fazer amigos, por rir e chorar e rir de novo no final. 

Eu optei por falar e não calar. Eu optei por correr e não ficar parada. 

Eu não fiquei esperando e arregacei as mangas. 

Eu optei por formar família e só então compreender que cada um tem suas limitações e afinidades...

Eu optei por arriscar e ser atrevida para tirar o atraso.

Eu optei por ser transparente sem ser sombra de ninguém.
Eu aguardei a minha vez mas estive sempre pronta.
Eu escolhi agradecer a todos.

Eu optei pela alegria e pela beleza.

...Eu fiz uma limonada.

eu voei.

Meus problemas são próprios de quem vive.
Mas eles não me seguram no chão.

Sou borboleta furta-cor, pincelada pela vida, todo dia! 

Filha de um universo que chama sempre pra cima, sempre pra um céu infinitamente azul e de possibilidades.

Ouvi que a vida é curta pra ser pequena.
E, ao me ver, percebi que minhas asas são grandes demais pra me arrastar...
Eu preciso voar!

sucesso

Primeiro a gente é feliz, depois a gente faz sucesso... 

não se pode inverter esta ordem.

pipas no meu céu

hoje eu quis ser pipa. fazer manobras quando a direção muda, aceitar o baixo e o alto com a mesma graça, quase cair para, então, tomar impulso e  subir, subir graciosamente. e o que falar da leveza que o torna ainda mais bela? a pipa aceita o céu como destino mas faz as próprias rotas... e fica ainda mais bonita quando faz curvas e piruetas... e aceita quando volta ao chão ou encontra uma árvore no caminho... e o que falar quando elas vão embora? ficam eternas no último vôo... num domingo no parque com as crianças, mais uma lição: ser pipa é pra quem já cresceu e aprendeu que o melhor é preparar-se da melhor forma pra depois respeitar o tempo e deixar-se levar...

estão todos bem

refilmagem de clássico italiano, esse filme traz um olhar dos pais sobre a questão das expectativas ao redor dos filhos. Após a morte de sua esposa (a matriarca que na verdade era amiga dos filhos acima de tudo), o pai procura reunir a família e acaba se deparando com estranhos ao encontrar seus filhos. Estranhos à sua expectativa, mas pessoas tentando viver suas vidas, cada qual com seu problema e aflição. Vale muito a pena, super recomendo. Preparem os lencinhos, meninas...

despertar para o melhor

"Podemos reeducar nossas mentes a viver com qualidade e humor, com mais alegria, percebendo o lado bom de cada coisa, de cada pessoa. Há sempre um perfume escondido, um lírio no pântano, uma beleza disfarçada."

Madre Tereza de Calcutá

 

mudar a si própria

a gente não muda ninguém, isso é tão batido... e tão verdade. E por que, então, a gente continua tentando? eu não posso mudar o outro, mas talvez possa mudar o jeito com que vejo o outro. Mudar o jeito com que as coisas do outro me afetam. A sabedoria está em se preservar para poder viver mais. Se preservar não é necessariamente se omitir, se ocultar. Mas se respeitar ao se perceber. Sair na hora certa, ou, talvez, nem entrar. Analisando com humildade, admito que a vontade de mudar o outro está em querer se estabelecer como melhor referencial, ou em outros termos, pura arrogância.
Posso mudar o mundo, à medida que mudo o meu olhar, o meu jeito... Aceitar, ainda que não concorde ou compartilhe, a forma como o outro desempenha seu papel. Assistir e nem sempre atuar.
Início de semestre, novos projetos. Um deles e mais urgente: que eu consiga me mudar em alguns velhos aspectos , e ser melhor porque tolero mais.