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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

presente de pedrinho

pedrinho gosta de
leite morno com açúcar
à noitinha
pouco antes de dormir

e toda noite, sem saber,
ele me dá de presente
a minha própria infância

meu sabor de pequena
da infância simples e rica
de quando eu recebia o mesmo leite-carinho
das mãos de minha adorável mãe


pés dançantes





meus pés são seres à parte, de vida própria
que querem sempre dançar,
sabem que têm ritmo, que têm poder
eu que os seguro, tem hora que têm de ficar quietinhos, cabendo na sandália, bem comportados!
mas que quando começam a se mexer, danadinhos, só param quando querem, nem adianta chamar

meus pés são meus parceiros,
quando me pegam triste se põem a mexer sem parar
só pra eu não esquecer que minha vocação é a alegria
e que não vão me abandonar

e por isso que eu sou tão grata
aos meus pés magros, feios até, já um pouco velhos
meus tesouros que me levam à essência da minha vida

pés dançantes, sapecas
pensam que ainda sou Andréinha
e vez ou outra
pulam na frente e me põem moleca

sou menina


sou menina
gosto de mimos
de blush rosa
e flor

sou menina
um pouco de doce
de pés descalços
e filmes de amor

sou menina
faço fita
costuro conversas
imensas ao telefone

sou menina
mas não sou frágil
vivo na corda bamba
mas não quebro por nada

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

amor agarradinho



Uma florzinha 
Tão faceira

Amor Agarradinho 
trepadeira

Pequena 
te esperei a vida inteira 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

mãe brinca ou não brinca?

joão me falou
mãe, por que é que adulto não brinca?
daí eu fiz cara de "ué"
e deixei um hiato se fazer entre nós
enquanto eu fiz cara de lamentação

daí, passada uma semana
eu dirigindo pra escola, fui brincando
rindo, enquanto eles riam ainda mais das minhas palhaçadas
e continuei fazendo caretas e brincar

daí o joão disse, muito bravo:
Oh, mãe, para de brincar tanto ...

uai, agora eu que fiquei encabulada
mãe brinca ou não brinca, afinal???

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

quando eu crescer



Quando eu crescer, meu povo
Deus permita eu ser
criança de novo

que a maldade dos adultos
não me acompanhe
nem a seriedade insana,
nem a verdade profana
nem a falta de sonho

quando eu crescer,
eu hei de ser
criança de novo

vou lamber os dedos de doce
apagar vela do amigo
esperar final de domingo
e dormi no sofá

só pro meu pai me carregar

brincar a tarde inteira
fingir que tomei banho
medir meu tamanho
com fita de costureira

quando eu crescer
quero de novo
criança ser

e se eu não puder
ou se ninguém deixar
eu vou me esconder atrás
da porta do quarto
até ninguém me achar








sábado, 15 de novembro de 2014

pula


pula corda
pula pula
pula fase
fura bolo


pula essa
pula aquela
pula junto
mata piolho

tem hora que é tanta coisa
que é melhor nem explicar
e pular

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

história de uma gata de botas


ela chegou no consultório
de short, meia grossa e bota
baixinha, simples, muito carismática
quietinha no primeiro momento mas foi só dar corda...

ela escolheu ter um outro corpo e foi me pedir ajuda
e eu sabia que podia ajudá la, porque, sobretudo, ela queria

e os primeiros resultados vieram logo, e ela sorria
mudamos um pouco o jeito de se comportar perante a comida,
os esforços foram se concretizando e foi aparecendo um contorno de um corpo novo
um corpo mais bonito e mais leve
mais coerente com ela, a menina das botas e meias grossas

cortou cabelo, ajustou as roupas, cores apareceram
e ela sorria,
até que um certo dia o peso parou de colaborar
e como uma menina birrenta no sofá da vó, o peso se grudou no corpo como quem dissesse "daqui num saio não, daqui ninguém me tira".

e a menina ia, e sorria
e eu fazia e refazia
tudo de dieta que eu sabia

e a bela moça voltava,
e o peso não largava do sofá, digo, do corpo
pondo eu a perguntar
e pondo a moça a quase desanimar

mas era isso que o peso queria
ele tava muito tempo naquele sofá, não ia ser fácil largar,
ia testar a gente até o fim

e a moça nunca parou de sorrir
continuou a ir
insistir
não desistir
coisa linda de ver, uma moça tomar a vida pelas rédeas e dizer:
"vou ver quem manda em você"

água mole em pedra dura, 
essa máxima, sem saber ela usou,
e com sua insistência, tanto bateu que furou

e o peso extra foi embora,
foi procurar outra morada ( menos avisada )
e, amém, dessa moça não quer mais nada...


essa história é real e baseada na vivência de Sandra, uma amiga que ganhei no consultório, pra minha vida. Histórias como essa, de perseverança e dedicação, me fazem continuar a trabalhar em o meu complexo ofício de nutricionista. 


terça-feira, 4 de novembro de 2014

desdobrável isabel

mulher é desdobrável, disse Adélia
quem sou pra descordar
Isabel leva o mundo nas costas
,gosta
e não sabe, nem vê, a hora de parar

sorri enquanto faz mil coisas
bota água nas plantas
limpa cáca do mascote
uma espiada no espelho, sabe que pode,
enquanto soma as contas

escolhe roupa um dia antes
colar, brinco e sapatos no jeito
acorda antes do alarme,
coa café, bota mesa, faz coque
enquanto dá um ponto no echarpe

no trabalho nunca chega a faltar
com os braços compridos e sempre cheios
entrega relatório, pergunta se melhorou o Seu Antônio, porteiro,
e pensa no que vai pôr pra jantar

volta pra casa, cansada
 vai passando, exaltada, pondo coisas no lugar

junta sapato, meia suja no balde, espia o jornal
bolsa ainda no braço, liga a torradeira,  escreve lista pra faxineira
um biscoito não faz tão mal
dobra sacola, joga caixa do liquidificador fora
acerta a hora e, antes de ir embora, faz um chá

Isabel mulher maravilha
maravilhosa de verdade
quando acorda, fica louca
quando dorme, dá saudade

Isabel é uma Adélia-desdobrável
uma mil faceira
mas tem hora que eu só queria vê-la
ser somente a menina, que brincava de rima
jogava pedrinhas e plantava bananeira

Isabel d(á) vida inteira
encantadeira



domingo, 2 de novembro de 2014

tem domingo

tem domingo
que eu não quero nada
nem cama arrumada
nem caminhada
nem notícia vazada

sem comida elaborada ou macarronada
tem domingo que não quero nada

nem ser namorada
nem palavra cruzada
nem conversa fiada

tem domingo que só quero limonada
, salada
e ficar calada
tirando cutículas

tem domingo que quero tudo
faço coisas devagarzinho
dou comida pra passarinho
ponho água no jardim

vou à feira, converso com a quitandeira
faço bolo de macaxeira e arrumo a cozinha inteira

ponho flor no cabelo, danço o dia inteiro
e pimenta de cheiro

tem domingo, esses são maioria,
que sou nem nada nem tudo
sou só um meio , fazendo o que vem
um pouco preguiça, um pouco disposição

tem domingo
que tem comida esquentada, mas depois um pão de queijo fresquinho com café
ou macarronada fresca e depois o que tiver

tem domingo, esses são maioria
eu sou mãe, um pouco filha, um pouco menina
um pouco parque, um pouco revista, um pouco sono
um pouco saudade, um pouco mentira, um pouco verdade

um domingo não termina
volta semana que vem

e vai ter o tom que você precisa,
que o corpo pede
se muito se nada se meio
domingo só deve ser o que você tem vontade



quarta-feira, 23 de julho de 2014

preguiça



do que tenho mais preguiça?
de tolices de adultos
(as das crianças, eu não tenho não)
saio de fininho, fecho a bolsa, faço cara de sonsa

socorro, se a vida não ensinou
não sou eu que vai tentar , né? nem me peça,
sigo meu rumo, mesmo que seja mental...parto pro meu mundo

ai, que preguiça !!!


meus 40

gosto de estar à beira dos 40
ele tem sido libertador
sigo mais leve, na certeza de que tenho muito a aprender e desaprender 
melhorei meu jeito, aparei as arestas
me curto, gosto do que fiquei 
olho pra trás e vejo que deixei a ansiedade da menina que precisava correr atrás do prejuízo
eu já cheguei onde queria
e eu queria era ter paz! 
olho pra trás e vejo que deixei de me envolver em toda e qualquer questão, 
agora eu sou seleta, olha que chique! 
só me envolvo onde realmente meu desgaste vai valer a pena. 
olho pra trás e vejo uma história de força, de superação, de trabalho, de alegria, 
olho pra trás e vejo uma menina que pegou no lápis e escreveu sua própria história 
com as cores que tinha, mas também com a criatividade dos que têm uma palheta interna infindável 
eu gosto de ter chegado aqui exatamente como cheguei, 
minha cabeça está exatamente do jeito que sempre sonhei
esse é o maior ganho
das boas recordações : 
da infância, o cuidado da mãe zelosa
da adolescência, a força da menina em ebulição
da mocidade, ter conquistado um espaço que fora destinado para poucos, e eu ali por mérito próprio
da profissão, ter inventado um lugar singular pra eu viver e ser feliz nele
do casamento, a sorte de ter um príncipe de verdade ao meu lado
da maternidade, a própria maternidade
e agora, agora eu tenho tudo
só não tempo pra tolices dos adultos ( das crianças eu tenho )
eu prefiro ficar no ócio do que me expor ao que não me interessa, 
preciso me poupar para os próximos 40 
e que venham com 
muita dança
muita risada
muita família
muita gente de verdade
muita entrega 
muita auto estima
muita saúde
muita gratidão
e, se der, muita vontade pra fazer ginástica! 

viva!!! 

segunda-feira, 31 de março de 2014

andréia, andréia, andréia


andréia
deixa eu dizer uma coisa
só pra te ajudar
tente ser menos solta
tente não atrapalhar
andréia
pare de ser assim
seja mais reservada
entre de fininho
e não dê tanta risada
andréia
procure sair antes
desapercebidamente antes
não entre em tantas portas
e não viva tão sorridente
andréia
tente me ouvir
não bote fogo em ninguém
deixe cada um no seu canto
e fique no seu também
andréia
sei que não faz por mal
mas se quer espalhar alegria
saiba que para muitos, no dia a dia
isso não é tão natural, e chega a fazer mal
andréia
tente entender
que no nosso mundo adulto
as pessoas precisam ter sempre o que resolver
ou, ao menos, parecer
andréia,
não sei como te sobra tempo
mas uma mulher competente
não pode brincar tanto,
não tem cabimento
andréia
quando que esse jeito atrevido
você vai mudar ?
com cinquenta, oitenta
ou quando a vida te levar?

andréia,
andréia...!

mas não é que já foi embora ...?
dando ombros de novo
e com as asinhas de fora...

terça-feira, 18 de março de 2014

panquequinhas, com canela e amor

João antes de dormir, pediu: mamãe, amanhã faz panquequinha pra mim? 
é claro que eu mal pude esperar amanhecer.. 
Terça feira bem cedinho, acordei, fiz o café e já fui juntando: 1 ovo, 1 1/2 colher de farinha de trigo, 1 c. spa de óleo, 1/2 copo de leite, pitada de sal. bati no mixxer rapidinho, juntei uma pitada de fermento. frigideira quente e pronto. Só passar o recheio, que ele e o Pedrinho colocaram, cada um o seu. carpichei na decoração, com canela e folhinhas frescas de hortelã da horta ali de casa.
me deu uma alegria as 8h da manhã ver aqueles meninos comerem a panquequinha que eu mesma acabara de confeccionar, com todo meu carinho...  comiam como se fosse algo muito, muito especial. pediram pra repetir e fizeram daquela manhã de terça feira a mais ensolarada das manhãs. E eu percebi o quanto é importante a mãe cozinhar pro seu filhinho, fazer a mágica da culinária brotar diante deles, juntar ingredientes e tchá nan...  deixar a cozinha cheirosa com os temperos.

 Eu não vou esquecer da carinha deles comendo minhas panquequinhas... e, acredito eu, nem eles vão esquecer da mamãe que cozinhava pra eles...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

se são só contas...



na minha trajetória acho muita coisa estranha...menos a vida; a vida é bonita e simples, o amor é possível, e os homens estragam tudo, sobem e descem sem saber pra que serve, repetem, não param pra pensar, concordam, tocam a vida mas não são tocados por ela...  passam incomodados num coletivo de borboletas, e ainda abanam a roupa pra ver se não ficou nenhuma. sabem todas as regras do português mas não não se perguntam se há algo pra fazer para aumentar seu prazer, pra aumentar seu bem estar. assopram  velas ano após ano, dormindo infelizes conformados achando que é assim mesmo. minha criança inquieta as vezes pula e sai da toca. manda em mim. e então, por dias, eu olho os adultos com olhos da criança que sou e fico pensando: porque que a gente cresce e fica assim meu Deus? porque me mandou pra essa vida se era pra ser assim no final das contas? só contas... 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

happy

vale muito à pena assistir ao documentário abaixo...
 http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=XCul_sdL5A4


estamos correndo atrás de quê? todo mundo acha que é atrás da felicidade, mas o quanto nossos passos são coerentes ao nosso desejo? quanto estamos nos desviando do caminho, e plantando cada vez mais insatisfação e sofrimento?

vale rever as rotas, foi o que fiz.
assistam e opinem...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

sou do meu tamanho

percebi que aos muito pequenos, pareço ser muito grande

então, o que faço às vezes, é me encolher para que possam me ver sem esforço
mas isso dá um trabalho, uma preguiça...


gosto mesmo é de ser do meu tamanho, nem maior nem menor
e ser aceita por isso. a vida já dá trabalho, não vou ficar arrumando mais um... 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

mãe, eu?

tenho dois meninos


Pedro e João
e a missão de apresentá-los ao mundo e vice-versa
orientá-los, encaminhá-los, ainda que o mínimo possível,
para que um dia possam percorrer seus caminhos sozinhos
baseados nas próprias escolhas

minha missão é alegre mas nem por isso é fácil
perceber cada um com sua particularidade e
oferecer a cada um o que precisa
o meu olhar respeitoso sobre a singularidade de cada um
é o mais importante

isso tudo me põe a discutir a mim mesma
o quanto eu própria tenho o embasamento necessário
e o quanto esse embasamento vai sendo fomentado por eles, no cotidiano

não nasci mãe
nasci menina, criança pequena
que também quis bicicleta e  dançar ballet
fiquei mãe
e me descubro todo dia nesse lindo e difícil papel...
sou inteira - o que não significa que eu tenha todas as respostas
mãe não é infalível
no fundo também estamos crescendo

logo meus meninos farão 6 anos
- exatamente agora estão dormindo lá em cima -
e o que posso dizer desse tempo todo
é que venho fazendo o meu melhor
- espero que um dia eles compreendam isso -
e que eles me fizeram muito feliz
feliz como nunca pensei que seria