joão me falou
mãe, por que é que adulto não brinca?
daí eu fiz cara de "ué"
e deixei um hiato se fazer entre nós
enquanto eu fiz cara de lamentação
daí, passada uma semana
eu dirigindo pra escola, fui brincando
rindo, enquanto eles riam ainda mais das minhas palhaçadas
e continuei fazendo caretas e brincar
daí o joão disse, muito bravo:
Oh, mãe, para de brincar tanto ...
uai, agora eu que fiquei encabulada
mãe brinca ou não brinca, afinal???
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
quando eu crescer
Quando eu crescer, meu povo
Deus permita eu ser
criança de novo
que a maldade dos adultos
não me acompanhe
nem a seriedade insana,
nem a verdade profana
nem a falta de sonho
quando eu crescer,
eu hei de ser
criança de novo
vou lamber os dedos de doce
apagar vela do amigo
esperar final de domingo
e dormi no sofá
só pro meu pai me carregar
brincar a tarde inteira
fingir que tomei banho
medir meu tamanho
com fita de costureira
quando eu crescer
quero de novo
criança ser
e se eu não puder
ou se ninguém deixar
eu vou me esconder atrás
da porta do quarto
até ninguém me achar
sábado, 15 de novembro de 2014
pula
pula corda
pula pula
pula fase
fura bolo
pula essa
pula aquela
pula junto
mata piolho
tem hora que é tanta coisa
que é melhor nem explicar
e pular
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
história de uma gata de botas
ela chegou no consultório
de short, meia grossa e bota
baixinha, simples, muito carismática
quietinha no primeiro momento mas foi só dar corda...
ela escolheu ter um outro corpo e foi me pedir ajuda
e eu sabia que podia ajudá la, porque, sobretudo, ela queria
e os primeiros resultados vieram logo, e ela sorria
mudamos um pouco o jeito de se comportar perante a comida,
os esforços foram se concretizando e foi aparecendo um contorno de um corpo novo
um corpo mais bonito e mais leve
mais coerente com ela, a menina das botas e meias grossas
cortou cabelo, ajustou as roupas, cores apareceram
e ela sorria,
até que um certo dia o peso parou de colaborar
e como uma menina birrenta no sofá da vó, o peso se grudou no corpo como quem dissesse "daqui num saio não, daqui ninguém me tira".
e a menina ia, e sorria
e eu fazia e refazia
tudo de dieta que eu sabia
e a bela moça voltava,
e o peso não largava do sofá, digo, do corpo
pondo eu a perguntar
e pondo a moça a quase desanimar
mas era isso que o peso queria
ele tava muito tempo naquele sofá, não ia ser fácil largar,
ia testar a gente até o fim
e a moça nunca parou de sorrir
continuou a ir
insistir
não desistir
coisa linda de ver, uma moça tomar a vida pelas rédeas e dizer:
"vou ver quem manda em você"
água mole em pedra dura,
essa máxima, sem saber ela usou,
e com sua insistência, tanto bateu que furou
e o peso extra foi embora,
foi procurar outra morada ( menos avisada )
e, amém, dessa moça não quer mais nada...
essa história é real e baseada na vivência de Sandra, uma amiga que ganhei no consultório, pra minha vida. Histórias como essa, de perseverança e dedicação, me fazem continuar a trabalhar em o meu complexo ofício de nutricionista.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
desdobrável isabel
mulher é desdobrável, disse Adélia
quem sou pra descordar
Isabel leva o mundo nas costas
,gosta
e não sabe, nem vê, a hora de parar
sorri enquanto faz mil coisas
bota água nas plantas
limpa cáca do mascote
uma espiada no espelho, sabe que pode,
enquanto soma as contas
escolhe roupa um dia antes
colar, brinco e sapatos no jeito
acorda antes do alarme,
coa café, bota mesa, faz coque
enquanto dá um ponto no echarpe
no trabalho nunca chega a faltar
com os braços compridos e sempre cheios
entrega relatório, pergunta se melhorou o Seu Antônio, porteiro,
e pensa no que vai pôr pra jantar
volta pra casa, cansada
vai passando, exaltada, pondo coisas no lugar
junta sapato, meia suja no balde, espia o jornal
bolsa ainda no braço, liga a torradeira, escreve lista pra faxineira
um biscoito não faz tão mal
dobra sacola, joga caixa do liquidificador fora
acerta a hora e, antes de ir embora, faz um chá
Isabel mulher maravilha
maravilhosa de verdade
quando acorda, fica louca
quando dorme, dá saudade
Isabel é uma Adélia-desdobrável
uma mil faceira
mas tem hora que eu só queria vê-la
ser somente a menina, que brincava de rima
jogava pedrinhas e plantava bananeira
Isabel d(á) vida inteira
encantadeira
quem sou pra descordar
Isabel leva o mundo nas costas
,gosta
e não sabe, nem vê, a hora de parar
sorri enquanto faz mil coisas
bota água nas plantas
limpa cáca do mascote
uma espiada no espelho, sabe que pode,
enquanto soma as contas
escolhe roupa um dia antes
colar, brinco e sapatos no jeito
acorda antes do alarme,
coa café, bota mesa, faz coque
enquanto dá um ponto no echarpe
no trabalho nunca chega a faltar
com os braços compridos e sempre cheios
entrega relatório, pergunta se melhorou o Seu Antônio, porteiro,
e pensa no que vai pôr pra jantar
volta pra casa, cansada
vai passando, exaltada, pondo coisas no lugar
junta sapato, meia suja no balde, espia o jornal
bolsa ainda no braço, liga a torradeira, escreve lista pra faxineira
um biscoito não faz tão mal
dobra sacola, joga caixa do liquidificador fora
acerta a hora e, antes de ir embora, faz um chá
Isabel mulher maravilha
maravilhosa de verdade
quando acorda, fica louca
quando dorme, dá saudade
Isabel é uma Adélia-desdobrável
uma mil faceira
mas tem hora que eu só queria vê-la
ser somente a menina, que brincava de rima
jogava pedrinhas e plantava bananeira
Isabel d(á) vida inteira
encantadeira
domingo, 2 de novembro de 2014
tem domingo
tem domingo
que eu não quero nada
nem cama arrumada
nem caminhada
nem notícia vazada
sem comida elaborada ou macarronada
tem domingo que não quero nada
nem ser namorada
nem palavra cruzada
nem conversa fiada
tem domingo que só quero limonada
, salada
e ficar calada
tirando cutículas
tem domingo que quero tudo
faço coisas devagarzinho
dou comida pra passarinho
ponho água no jardim
vou à feira, converso com a quitandeira
faço bolo de macaxeira e arrumo a cozinha inteira
ponho flor no cabelo, danço o dia inteiro
e pimenta de cheiro
tem domingo, esses são maioria,
que sou nem nada nem tudo
sou só um meio , fazendo o que vem
um pouco preguiça, um pouco disposição
tem domingo
que tem comida esquentada, mas depois um pão de queijo fresquinho com café
ou macarronada fresca e depois o que tiver
tem domingo, esses são maioria
eu sou mãe, um pouco filha, um pouco menina
um pouco parque, um pouco revista, um pouco sono
um pouco saudade, um pouco mentira, um pouco verdade
um domingo não termina
volta semana que vem
e vai ter o tom que você precisa,
que o corpo pede
se muito se nada se meio
domingo só deve ser o que você tem vontade
que eu não quero nada
nem cama arrumada
nem caminhada
nem notícia vazada
sem comida elaborada ou macarronada
tem domingo que não quero nada
nem ser namorada
nem palavra cruzada
nem conversa fiada
tem domingo que só quero limonada
, salada
e ficar calada
tirando cutículas
tem domingo que quero tudo
faço coisas devagarzinho
dou comida pra passarinho
ponho água no jardim
vou à feira, converso com a quitandeira
faço bolo de macaxeira e arrumo a cozinha inteira
ponho flor no cabelo, danço o dia inteiro
e pimenta de cheiro
tem domingo, esses são maioria,
que sou nem nada nem tudo
sou só um meio , fazendo o que vem
um pouco preguiça, um pouco disposição
tem domingo
que tem comida esquentada, mas depois um pão de queijo fresquinho com café
ou macarronada fresca e depois o que tiver
tem domingo, esses são maioria
eu sou mãe, um pouco filha, um pouco menina
um pouco parque, um pouco revista, um pouco sono
um pouco saudade, um pouco mentira, um pouco verdade
um domingo não termina
volta semana que vem
e vai ter o tom que você precisa,
que o corpo pede
se muito se nada se meio
domingo só deve ser o que você tem vontade
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