minha infância foi numa casa grande numa Vila em São Paulo. morávamos em frente ao colégio e, muitas vezes ao bater o sinal de entrada, eu ainda estava almoçando... saía correndo e chegava à tempo. lembro de muitas crianças circulando em minha casa, vizinhos, amigos de escola... muita crianças embora minha mãe já tivesse as (muitas) suas... minha casa era de muitas entradas e muitas portas; todas abertas, principalmente as do coração de minha mãe.
hoje sou mãe também e me vejo reproduzindo a mesma cena. abro com alegria as portas de minha casa para os amiguinhos de meus filhos virem, virem muitos. ver a casa cheia, repleta de risada, barulhos e de brinquedos espalhados enchem meu coração de vida. não me importo com a bagunça, se não tivesse filhos minha casa estaria permanentemente arrumada, mas também não teria o cheiro e a graça de hoje. esses dias de farra me remetem a própria criança que fui (e sou) e posso perceber meu coração delicadamente sorrir por dentro, experimentando o que sentia a dona Gina ao levar aquela criançada toda para a casa grande enquanto confeccionava pastéis e preparava achocolatado no liquidificador...
agora, eu estou indo pra cozinha; vou fazer chá, bolo de cenoura com chocolate, pipoca e pão de queijo, enquanto alguns brincam no jardim, outros colhem amoras para fazer suco lá no mesmo no quintal; ....e, claro, tem ainda o Pedrinho, desenhando o homem invisível de boné...
... todos crianças, todos em paz...
casa sem criança é vaso sem flor, dizia minha mãe.
hoje, um ramalhete cheiroso bem aqui no meu quintal ...