Uma das sedes de nostalgia da infância, e das mais profundas, é o Céu da Boca! A memória do paladar recompõe com precisão instantânea, através daquilo que comemos quando meninos, o menino que fomos. O cronista se fosse escrever um livro de memórias, daria nele a maior importância à mesa da família, na cidade do interior onde nasceu e passou a meninice. A mesa funcionaria como personagem ativa, pessoa da casa, dotada do poder de reunir todas as outras, e também separá-las, pelo jogo de preferências e diossincracias do paladar – que digo? Da alma, pois é no fundo da alma que devemos pesquisar o mistério de nossas inclinações culinárias”.
Carlos Drummond Andrade
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