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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

já não tão moça



constatado: já não sou tão moça
meu corpo já acusa certo cansaço
minha cabeça vai ao longe, onde meu corpo se esforça e não chega mais
- já chegou antes até -
ainda sobram resquícios da moça :
a ansiedade incontrolável, um desenho glúteo, uma animação repentina
mas aos poucos também uma certa paz
uma menos pressa
uma preguiça sem culpa.
pra ter lugar na minha agenda
só se eu gostar muito, ou, Deus me proteja, se eu precisar muito
já que nunca se sabe
quando vai dar dor de barriga ou se esquecer a chave
mas se deixar, eu só vejo gente que gosto de estar junto
- e ainda escolho quando -
porque mesmo que a gente goste não é sempre que os santos batem
é que essa fase da vida
traz junto um filtro pra sofrimento
porque se eu puder escolher vou ficar com a alegria!
me poupo de compromissos que não quero ir
e de conversa que não vale à minha hora
e, quer saber? dou com os ombros ao que dizem
me esforço pra estar presente
ao que me importa
em sarau de poesia, em sorvete na calçada com as crianças, em boteco com a amiga duas horinhas na terça à noite e em roda de avós uma tarde todinha...
se estou velha eu não sei
mas que a juventude também cansa, isso é verdade.
mas se eu pudesse
só não queria perder o cheiro, gosto de estar cheirosa
só não queria perder a disposição, gosto de estar viva
só não queria perder a criança de vista e que ela viva junto!

só quero muito que os anos passem pouco, e que venham tranquilamente ocupando seu lugar
mas, por favor, pedindo licença
porque essa coisa de adaptação rápida é pra gente moça
que claramente não sou mais.


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