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domingo, 20 de maio de 2012



devaneio: vida louca da mulher contemporânea, carreira, família e afins... pára que eu quero descer, eu quero é mais prazer

semanas atrás na capa de Veja: Super Chefonas: mulheres que conseguiram conciliar profissional e pessoal. Parece uma piada. Uma das superpoderosas disse que nunca deixou de participar da festinha de aniversário do filho, nem de ir junto à visita ao pediatra. Coitada, pra ela isso é conciliar vida profissional e pessoal? dá pra perceber quem sai perdendo nessa história? não só os filhos, mas ela própria. E também toda a sociedade. Outra piada: a outra chefona diz que é preciso organização, como por exemplo contar com a ajuda de vários funcionários em casa, como babá, motorista e cozinheira. Eu diria que é preciso muito dinheiro e ausência familiar, não exatamente organização. Mais uma: uma delas acha que concilia porque consegue ir a aula de tenis 2 x na semana... ha ha ha!!! Seria cômico se não fosse trágico.  Para cada "chefona capa de Veja" há mais de mil operárias mulheres que trabalham o dia todo e se multiplicam para estar em todos os lugares ao mesmo tempo. e que chegam cansadas em casa, cheia de coisas pra fazer ainda. e se acham feias e se cobram todos os dias porque não economizam e fazem uma lipo. mulheres que deixaram pra ser mãe mais tarde porque precisavam da carreira engrenada e que, agora, precisam viajar e deixar os filhos em casa por 4 dias. e que acabam chegando atrasada na festinha da escola mesmo tendo deixado o relatório do trabalho sem fazer. e que não acham babá e põem os filhos de meio ano na escola por falta de opção e não exatamente para socializar como queremos acreditar. e que se cobram que precisam estudar mais pra ganhar mais. e que não conseguem fazer a unha durante uma semana inteira e cortam o cabelo pra gastar menos tempo com isso. mulheres que encabeçam a lista dos que usam antidepressivos e que mais morrem dos problemas cardíacos a cada ano. mulheres que acham que as coisas têm que ser assim, porque todo mundo tá fazendo assim... mulheres que engordam por ansiedade. mulheres que não conseguem parar e descer dessa roda  chamada Vida Louca da Mulher Contemporânea.a coisa é que não dá pra ser tudo. quem disse que temos que ser tudo isso? NÃO às  convenções! danem-se elas. Vamos encontrar nossos limites, percebê-los, respeitá-los para que possamos ganhar a vida sem perder a vida.
Para a vida familiar estão sobrando os restos de tempo e atenção. E, mesmo que tentemos impor qualidade à eles, ainda que com a "organização das chefonas de Veja", não deixarão de ser restos. Eu não quero restos, minha família não merece meus restos. Mas pra isso também não posso querer ter tudo, nem ser tudo. preciso usar da minha concentração profissional para defender minha vida pessoal. preciso, antes, avaliar o que quero e que modelo quero seguir. e não aceitar modelos prontos só porque a maioria assim o faz...


15 de maio foi o dia da família;  a leitura de Veja e a comemoração da data me dispôs a escrever o texto acima. tenho presenciado histórias reais de mulheres reais cujos exemplos estão aí em cima. O buraco é bem fundo. A roda gira em alta velocidade. Gritemos à tempo: pára que eu quero descer!!!pára que eu quero descer!!!

Andréia Moutinho Gileno 

2 comentários:

  1. E cada vez mais comida caseira vai ser Lazanha Pronta da Sadia...
    Pobre da geração que "não vai ter avó", até porque "não está tendo mãe".

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  2. Verdade, verdade. Considero-me muito privilegiada por poder ficar em casa com a minha filha, levá-la ao parquinho, preparar sua comidinha com calma e ensiná-la a comer de tudo.
    E "eles" tem pena da coitada aqui, que só fica em casa com a filha e não trabalha fora. Ah se soubessem.... :)

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